O Combate Cristão

Em meio às cartas do apóstolo Paulo, encontramos em Efésios 6:10-20 uma profunda reflexão sobre o combate espiritual que todo cristão enfrenta. O apóstolo nos exorta a nos fortalecermos no Senhor e a vestirmos a armadura de Deus para manter firme nossa posição contra as ciladas do inimigo. No entanto, esse texto não fala apenas de armaduras, mas de uma nova postura diante do mundo e do espiritual.

A essência da redenção é a transformação de um inimigo de Deus em um amigo. Fomos comprados por um preço, libertos e redimidos por meio de Cristo. Isso muda a nossa posição no cosmos: antes escravos de Satanás, agora somos servos de Deus. O antigo senhor se tornou nosso inimigo. Dessa maneira, entender a redenção é crucial para compreender a necessidade do combate. Esse combate não é político ou físico, mas espiritual, contra as estruturas de pensamento e as forças que não vemos.

O combate cristão não é um chamado à ausência de luta ou sofrimento, mas um convite a entender que nossas lutas têm um novo sentido. O Evangelho não promete o fim das batalhas, mas redefine o motivo delas. Deus salva, mas não para uma vida sem desafios. Em vez de sofrer por razões mundanas, o cristão passa a enfrentar tensões divinas. O Evangelho é o fim da luta com Deus e o início do embate com o inimigo. Assim, o foco não deve ser evitar os conflitos, mas entender que eles fazem parte da jornada cristã.

Paulo, em Efésios, nos lembra que nossa verdadeira batalha não é contra carne e sangue, mas contra os principados e potestades nas regiões celestes. Isso significa que não se trata de uma guerra contra pessoas, mas contra forças espirituais que afetam e influenciam as estruturas do mundo. O combate cristão passa, então, pelo discernimento da realidade espiritual e a aplicação diária do Evangelho.

Porém, Paulo não apenas nos lembra onde está nossa luta, mas nos instrui em como enfrentá-la. Devemos fortalecer-nos no Senhor e vestir sua armadura: a verdade, a justiça, o evangelho da paz, a fé, a salvação e a Palavra de Deus. Cada peça dessa armadura representa um aspecto do caráter e da presença de Deus em nossa vida. Não é uma lista de ações místicas, mas a forma como se vive em Cristo diariamente, confiando nele como fonte de força.

Concluindo, para os cristãos, a oração é fundamental. Paulo nos exorta a orar em todo o tempo, com perseverança e súplica por todos os santos. Orem por discernimento e força. Nesse processo, lembrar que dependemos de Deus é tão crucial quanto nos prepararmos e posicionarmos diariamente no campo de batalha espiritual. Assim, vivemos como aqueles que já foram salvos para, então, combater. Não para conquistar nossa salvação, mas para testemunhar a verdade do Evangelho.