O Chamado de Aberãao

A história narrada em Gênesis 11 e 12 é fascinante e nos serve de reflexão. Primeiro, somos apresentados ao plano arquitetado pelos homens para construir uma torre que alcançasse os céus—a famosa Torre de Babel. Esse projeto ambicioso tinha o intuito de fazer o nome dos homens ser grande, tornando-os independentes de Deus. Gênesis 11:8 nos mostra que o Senhor não se agradou desse plano, pois o rompimento com a vontade Dele fedia, como um afastamento das Leis divinas.

Então, Deus intervém, confunde a língua e os dispersa pela terra. Em contrapartida, no capítulo seguinte, Deus propõe um novo plano a Abrãao, que envolve sair de sua terra e ir para uma nova, onde Deus o tornará um grande povo. Assim, Gênesis 12:1-3 apresenta o paradigma da verdadeira peregrinação. Este caminho não aspira autonomia ou autopromoção, mas busca a solidificação de um linimento que glorifique o nome de Deus.

Enquanto o plano dos homens se resumia ao orgulho e à autossuficiência, Deus propunha uma peregrinação baseada na obediência e dependência total Dele. Ao responder ao chamado, Abrãao parte em fé, deslocando-se sobre a palavra de Deus e norteado por Ele.

Essa história revela a importância da intenção por trás de nossas ações. O caminho que vamos trilhar depende das motivações do coração: será que estamos buscando o reconhecimento do mundo ou a maneira sutil e generosa do Senhor? Vivemos tempos em que a consciência de nossos atos deve ser examinada à luz das escrituras.

Além disso, a narrativa nos faz refletir sobre o impacto coletivo de nossa peregrinação. Somos chamados a ser testemunhas—Atos 1:8—não apenas em nossa vizinhança, mas até os confins da terra. Se cada cristão for levado pelo espírito babilônico de supremacia pessoal, perderemos o foco da missão, que é glorificar a Deus e tornar Seu nome conhecido entre todas as nações. O questionamento crucial é se estamos, de fato, envolvidos no plano divino.

João 1:1 reforça que, no início, a coisa mais importante não é o fazer humano, mas a palavra divina, a direção dada por Deus. Abraãao é um exemplo claro disso: o Senhor deu-lhe uma direção, ele ouviu e a seguiu sem saber a terra que estava por vir.

Na prática, somos chamados a analisar e realinhar a nossa vida, questionando seus propósitos: estamos nós construindo torres para nossa própria glória ou estamos dispostos a participar no plano grandioso de espalhar a verdade de Deus por toda a terra? A reflexão que cada um de nós deve fazer é a natureza da peregrinação que escolhemos e o impacto dela não apenas em nossas vidas, mas na eterna história do povo de Deus.

Pensemos em como podemos ser parte disto, não necessariamente atravessando oceanos, mas participando com o que temos ao nosso alcance. Seja pela oração, contribuição ou até mesmo acessando aqueles que estão à nossa volta que nunca ouviram falar sobre o nome mais precioso: Jesus.