O Abandono na Cruz

Na cruz, Jesus pronunciou as palavras mais chocantes de todas: "Meu Deus, meu Deus, por que me abandonaste?". Este momento é o ápice do sofrimento de Jesus. Um sofrimento que vai além do físico, pois é o abandono do próprio Pai. Durante seu ministério, Jesus perdôo inimigos, criminosos, e cuidou de outros com compaixão apesar de sua angústia. Essas atitudes são surpreendentes por si só, mas nada se compara ao sentido de solidão experimentado no Gólgota.

Neste momento de extrema escuridão, Jesus está cumprindo a vontade do Pai. A separação entre o Filho e o Pai se dá para que o pecado da humanidade seja punido de uma vez por todas. Isaías 53:6 explica que toda a nossa iniquidade foi colocada sobre Jesus. Este é o peso que Ele carrega na cruz, transformando-se no maior pecador, embora nunca tenha pecado. É imensurável a dor de alguém que sempre esteve em plena comunhão com Deus sentir-se abandonado.

O que Jesus teme no Jardim do Getsêmani não é a dor física, mas o 'cálice' da ira de Deus. Seu suor misturado com sangue revela o tamanho da agonia no seu coração. Não eram os pregos ou a coroa de espinhos, nem mesmo a morte em si que o aterrorizavam, mas o ser separado do amor do Pai. Jesus, que sempre se dirigiu a Deus usando a palavra afetuosa 'Abba', experimenta o sentido completo da ira divina.

A aplicação desse sofrimento na cruz é clara: Jesus sofreu o abandono para que nós não o sofrêssemos. A certeza dada a nós é que por conta de seu sacrifício, jamais seremos abandonados por Deus. Romanos 5:8 diz que Deus prova o seu amor por nós pelo fato de Cristo ter morrido por nós, pecadores. Se Cristo, em sua maior angústia, se manteve fiel ao seu propósito, Ele é um exemplo perfeito de perseverança mesmo nos nossos momentos de 'noite escura da alma'.

Ser cristão não significa não passar por sofrimentos, mas significa que em todas as nossas dores, temos a garantia de que Deus está conosco. Devemos seguir o exemplo de Cristo que, mesmo sofrendo, não abandona a fé. Nossos sofrimentos têm um propósito e Jesus nos mostra como lidar com eles, baseado na confiança e rendição aos planos do Pai.

Diante do sofrimento de Cristo, somos chamados a refletir: estamos prontos para enfrentar nossas dificuldades com a certeza de que Deus nunca nos abandonará? Conseguimos ver propósito em nossas dores? Que Cristo seja nossa referência, e que possamos encarar a vida sabendo que não estamos sozinhos.