
Fome de Deus
O ser humano não viverá só de pão, mas de toda palavra que procede da boca de Deus. Essa afirmação de Jesus, durante sua tentação no deserto, destaca a profundidade da fome espiritual em contraposição à fome física. Ao passar quarenta dias e noites em jejum, Jesus não só exprimiu resistência às tentações físicas, mas também enfatizou a primazia das necessidades espirituais sobre as materiais, um princípio que ressoa profundamente na narrativa do Evangelho de Mateus e na referência ao livro de Deuteronômio. Jesus resistiu à oferta de transformar pedras em pão, não porque negasse as necessidades fisiológicas, mas porque reconhecia que o espírito humano prospera verdadeiramente ao absorver a palavra de Deus e a vontade divina, acima de quaisquer satisfações terrenas.
É interessante pensar sobre o que nos move, quais são os instintos mais profundos que nos guiam. Assim como o corpo tem suas necessidades de sustento, nossa alma também clama por um alimento espiritual que só pode ser encontrado no Senhor e na sua palavra. A escritura fala de duas fontes de alimentação: a física e a espiritual, cada uma com seu propósito e significado. A fome, tanto literal quanto figurada, é um impulso que nos leva a buscar preenchimento. No deserto, Deus guiou os israelitas não apenas para satisfazê-los com o maná material, mas para ensiná-los a depender de sua palavra. A mesma lição se aplica a nós, que às vezes nos distraímos demasiado com as delícias e confortos deste mundo, esquecendo-nos do banquete espiritual que Deus preparou para suas criaturas.
Na sociedade atual, facilmente podemos nos perder em riquezas e prazeres passageiros, esquecendo o valor do alimento eterno. Mas Jesus nos lembra de não viver apenas do que é material, mas sim buscar, primeiramente, o reino de Deus e sua justiça (Mateus 6:33). Para que estejamos verdadeiramente saciados, é necessário desenvolver uma fome e sede pela justiça divina, colocando o relacionamento com Deus acima das necessidades mundanas.
A abstinência voluntária, como o jejum, é uma prática que nos ajuda a realinhar nossas prioridades, levando-nos a experienciar a verdadeira dependência de Deus. É um exercício de fé e disciplina, um lembrete de que, além de tudo que nos é dado fisicamente, existe uma promessa de vida eterna e de um relacionamento pleno com o Criador. No processo de abrir mão dos prazeres passageiros, encontramos força para resistir às tentações que nos afastam do verdadeiro propósito e conseguimos sentir uma satisfação profunda na presença do Senhor.
Então, fome de quê? Se Jesus, ao resistir às propostas de Satanás, escolheu seguir a palavra que vem da boca de Deus, ele nos ensinou que a verdadeira vida, o verdadeiro sustento, vem de uma relação íntima e direta com o Pai. Devemos estar famintos pelo que é eterno e saciar essa fome com aquilo que dura para sempre.
Reflexão
- Quais são as áreas em sua vida em que você busca mais saciedade material do que espiritual?
- Como você pode aplicar o ensinamento de “nem só de pão” na sua rotina diária?
- De que maneiras você pode começar a praticar o jejum ou outras formas de abstinência para fortalecer seu relacionamento com Deus?
Categoria: espírito