Fé: Mais do que Crença

Fé salvadora é um tema intrigante, que muitas vezes não compreendemos em sua totalidade. O apóstolo João, em seus escritos, nunca usa o substantivo “fé”, mas o verbo “crer” aparece 98 vezes. Isso não é por acaso. João queria enfatizar a dimensão afeiçoada da fé salvadora, um ato do coração que vai além de simplesmente acreditar em fatos. É sobre nutrir uma afeição profunda por Cristo como água viva, como pão celestial, como luz do mundo. Em resumo, fé é um ato de beber, comer e amar — uma recepção espiritual que vai além do conhecimento intelectual. É perceber e valorizar a Glória de Cristo no evangelho, reconhecendo-a como algo precioso. Quando essa fé nasce, ela revela em nós um desejo avassalador por Cristo, como descrito em 2 Coríntios 4:6-7, onde Paulo fala sobre a luz que brilha em nossos corações e nos faz ver o tesouro que é Cristo. Para compreender essa fé, devemos reconhecer que ela não vê Cristo apenas como um meio de escapar da dor ou obter bênçãos. Ela considera Cristo um tesouro supremo, mais valioso que tudo. Ele é o regalo eterno prometido por Deus, e nossa fé deve refleti-lo como tal preciosidade. Nossa confiança em Cristo deve florescer a partir do abraço caloroso de Sua graça e verdade — um ponto que a epístola aos Hebreus 11 ilustra bem ao relatar como Moisés, pela fé, rejeitou os prazeres terrenos do Egito por considerar as riquezas de Cristo superiores. Tal fé em Cristo gera uma transformação afetuosa em nosso amor e esperança, pois a fé genuína é mais do que um reconhecimento racional; é uma mudança apaixonada de nosso coração. Portanto, a dimensão afeiçoada é essencial tanto para nossa salvação quanto para a glorificação de Cristo. Uma fé que somente vê Cristo como útil para alcançar outras bênçãos, mas não O considera como seu tesouro mais precioso, não pode ser chamada de fé salvadora. Cristo é glorificado em nossa fé quando Ele é nosso deleite supremo e nossa satisfação final.