
A Verdade da Lei
O apóstolo Paulo, em Romanos 7:7-12, busca esclarecer um dos maiores mal-entendidos a respeito da lei de Deus. Ele responde a uma conclusão errada, que alguns poderiam ter tido, ao afirmar que Paulo considerava a lei como algo ruim ou até mesmo pecaminoso. Segundo Paulo, a lei não é pecado, mas sim santa, justa e boa. O problema não está na lei, mas sim em nós, pecadores, que somos incapazes de cumpri-la completamente.
Paulo usa sua própria experiência, de maneira retórica, para explicar como a lei ilumina a natureza pecaminosa do coração humano. Ele lembra que, por intermédio da lei, o pecado foi revelado. Sem ela, ele não teria conhecido a profundidade de sua cobiça. "O pecado, tomando ocasião pelo mandamento, despertou em mim toda sorte de concupiscência", explica Paulo em Romanos 7:8. Antes de conhecer a lei, ele vivia, mas, ao ser confrontado com os mandamentos, percebeu que o pecado em sua vida era avultado.
Paulo reitera que a lei foi dada a Israel no Monte Sinai no deserto, depois de anos de escravidão no Egito, onde viveram sem essa orientação divina. A entrega da lei deveria ter sido um caminho para a vida, mas devido à incapacidade humana de cumprir plenamente a vontade de Deus, tornou-se para a morte. No Monte Sinai, o povo de Israel prometeu guardar os mandamentos, acreditando que poderiam alcançar a vida por essa obediência.
Infelizmente, como Paulo expõe, o real efeito foi contrário. Os mandamentos demonstraram a incapacidade do povo de viver em plena conformidade com a vontade de Deus. O pecado enganou Israel, prevaleceu e causou morte espiritual. Contudo, a intenção divina não foi tornar a lei um fardo insuportável, mas sim apontar a nossa necessidade de um Salvador, que nos libertasse da condenação pela graça através de Jesus Cristo.
A implicação prática desse ensinamento é clara. O ser humano, por si só, não pode buscar justificação por meio de obras ou tentar se justificar pelo cumprimento da lei. O caminho proposto por Deus é diferente: única e exclusivamente pela fé em Cristo Jesus. A vida sob a graça não está livre de normas, mas a obediência é fruto de uma nova vida dada pelo Espírito Santo, que nos liberta do poder condenatório do pecado revelado pela lei.
Muitos nos tempos de Paulo não aceitavam essa verdade. Judeus convertidos carregavam a gloriosa tradição mosaica e resistiam à doutrina de Paulo, temendo abandonar a estrutura estabelecida por Moisés. O apóstolo, sabendo da resistência e pronta oposição, tratou de antecipar sua defesa nesta carta. Nada pode nos separar do amor de Deus, se estivermos em Cristo Jesus, pois Ele é a ponte de transição do jugo da lei para a liberdade em Deus.
Esperamos que os efeitos da cruz, sobre os quais Paulo escreve, sejam uma verdade viva e querida em nossos corações. Somente unidos a Cristo podemos viver essa liberdade, apenas pela fé. Jamais seremos aceitos na presença de Deus por méritos próprios. Que haja clareza sobre essa verdade eterna e a soberania da graça.
"Por conseguinte, a lei é santa, e o mandamento, santo, justo e bom." - Romanos 7:12. A lei expõe nossa condição verdadeira, mas nos aponta para a solução: a sarça não se consome, mas ilumina o caminho para quem quer encontrar graça.
Reflexão
- Como o entendimento da função da lei em nossas vidas muda a maneira como nos relacionamos com Deus?
- De que formas podemos aplicar a graça de Deus em nosso cotidiano, sabendo que não somos justificados por obras?
- Você tem conseguido viver essa liberdade em Cristo, sem cair em extremidades de condenação pela lei ou libertinagem sem responsabilidade?
Procure refletir sobre o papel do Espírito Santo na sua vida de santificação e peça graça para ser sensível à atuação dEle em seu coração.
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