
A Dança Divina
Jesus havia emergido da água, sendo o Espírito que desceu sobre Ele como uma pomba. Este momento emblemático na vida de Jesus, capturado no Evangelho de Marcos, recapitula a essência da história da criação de Deus. Como o Espírito pairava sobre as águas no princípio, neste momento, Deus Pai, Deus Filho e Espírito estão presentes na nova criação marcada pela expressão de amor do Pai: "Você é meu Filho amado; em você me agrado" (Marcos 1:11).
Na cultura moderna, muitos querem moldar Jesus à sua própria imagem, criando um Jesus que se encaixe perfeitamente em suas próprias narrativas. No entanto, um Jesus que não desafia, nem contradiz, é um Jesus que não transforma. Este é o paradoxo desafiador; apenas o Cristo verdadeiro, cuja história é imutável e revelada nos Evangelhos, pode trazer transformação genuína.
Mark, que escreve com grande economia de palavras, sugere que a vida de Jesus, sua obediência e missão, não apenas ecoam a criação inicial, mas são parte do novo ato criador de Deus – a redenção do mundo. Aqui, Marcos nos apresenta em apenas alguns versos (Marcos 1:9-13) um retrato da eternidade: uma dança harmoniosa dentro da Trindade, cada pessoa na Divindade centrando-se na outra num ciclo de amor e glória mútuos.
Na sociedade atual, frequentemente orientada pelo sucesso individual, conquistas e posses materiais, a visão da Trindade nos desafia a entrar em um "balé" divino, onde o foco não é em si mesmo, mas no outro. Esta dança de vida, dinamismo e comunhão, mostra que somos feitos não só para acreditar em Deus, mas para centrar a vida Nele, admirando-O por quem Ele é, não por vantagem pessoal.
A entrega de Jesus na cruz, sem interesse próprio, ilustra este chamado ao amor sacrificial. Ele nos convida a orbitar em torno de Deus, não porque Ele precise de nós, mas para que possamos partilhar da alegria divina, entrando na dança da criação e redenção. Assim, devemos questionar se simplesmente acreditamos em Deus ou se, de fato, estamos dançando como Ele nos chama a fazer.
Quando nos centramos em Deus, como Cristo o fez por nós, participamos desta dança cósmica de amor. Não apenas como indivíduos, mas dentro de comunidades de fé, onde a vida se transforma em um reflexo da Trindade divina. Um mundo que orbita ao redor de Deus é um mundo onde a verdadeira harmonia e alegria podem florescer.
Jesus nos abre a porta para este deslumbrante "bailado celestial" – um convite para centrarmos nossa vida em Deus e, ao fazê-lo, encontrar a verdadeira essência de quem somos e para o que fomos criados.
Categoria: amor